Os ecos das correntes: a historiografia e as narrativas da resistência em Penedo(Al)

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Data

2022-07-06

Currículo Lattes

http://lattes.cnpq.br/3189268538558319

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Editor

Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Alagoas

Resumo

O presente trabalho possui como objetivo discutir e problematizar as histórias contadas popularmente sobre a Igreja de Nossa Senhora da Corrente, localizada na cidade de Penedo (AL). Muitas foram as narrativas encontradas acerca da construção e dos significados sociais dessa igreja, contudo, uma dessas narrativas se estabeleceu como a mais aceita por parte da sociedade e pelos intelectuais penedenses. Visto que parte considerável destes relatos encontrados durante a pesquisa apontam a igreja como um espaço de resistência à escravidão e à inquisição, um dos eixos analíticos da investigação serão os efeitos da construção e da circulação dessas narrativas. A Igreja de Nossa Senhora da Corrente é narrada pelos guias turísticos da cidade como um espaço que serviu de refúgio aos indivíduos negros que estavam escapando da situação de escravização no território de Penedo (AL). Segundo documentos que encontramos no Museu Casa do Penedo, a construção da igreja foi iniciada por volta de 1720, tendo sido concluída no início do século XIX pela família Lemos, apontada como uma família branca e abastada, ainda segundo esses documentos, que contribuiu para a construção da igreja. A igreja apresenta um detalhe bem particular em sua arquitetura: uma passagem em uma das paredes ao lado do altar, onde, de acordo com a narrativa dos guias turísticos e também de documentos do museu, eram escondidas as pessoas que estavam em situação de fuga da escravização.Na historiografia, a narrativa popular é reproduzida. Segundo Nilo Sérgio Pinheiro (1997), estas pessoas ficavam escondidas ali até que fosse possível conseguir cartas de alforria falsificadas, e assim “chegavam à cidade na esperança de embarcar para o sul do país e, com isso, ganharem uma vida diferente e distante dos açoites e de perversidade de seus antigos senhores” (1997, p. 06). A seguir, as narrativas populares e turísticas existentes na cidade serão listadas e problematizadas, a partir de uma questão norteadora: elas podem atuar como fortalecedoras de um pensamento colonialista e racista, que coloca o homem branco na posição de bondoso e caridoso e que coloca o negro na posição de alguém que precisa ser salvo? Essa questão considera as narrativas turísticas como o resultado da ausência de reflexão sobre os efeitos dos discursos construídos baseados no racismo.

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Palavras-chave

Penedo, História, Narrativas, Historiografia, Resistência

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