A pesca de arrasto de camarões no Povoado Pontal do Peba, Piaçabuçu, Alagoas - Brasil: aspectos socioeconômicos e ambientais.
Carregando...
Data
2023-07-25
Autores
Currículo Lattes
http://lattes.cnpq.br/3487769991094363
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Resumo
Os camarões desempenham um papel de extrema importância como recursos pesqueiros nas
comunidades onde estão presentes. Na região Nordeste do Brasil, a pesca de camarões é
predominantemente realizada por pescadores artesanais em diferentes escalas, e possui uma
relevância significativa nos aspectos sociais, econômicos e culturais. No estado de Alagoas, a
captura artesanal de camarões é predominantemente realizada por meio de embarcações
motorizadas que utilizam a técnica de arrasto duplo. O município de Piaçabuçu é atualmente o
principal centro de produção pesqueira do estado. A atividade de pesca artesanal motorizada
direcionada aos camarões marinhos ocorre no Pontal do Peba, Piaçabuçu, Alagoas, desde 1960.
Essa atividade desempenha um papel importante na comunidade, fornecendo subsistência e
renda para os pescadores artesanais locais. No entanto, é notável a falta de atenção por parte
dos segmentos sociais e políticos responsáveis pelo planejamento da região em relação a esse
setor da economia regional. O objetivo deste estudo foi realizar uma análise abrangente dos
aspectos socioeconômicos e ambientais relacionados à pesca de arrasto de camarões no Pontal
do Peba, Piaçabuçu, Alagoas, Brasil. Para isso, foram utilizados métodos quali-quantitativos,
como entrevistas com a utilização de um questionário semiestruturado, observações diretas,
registros fotográficos e um diário de campo. A técnica de amostragem adotada foi a Snowball
Sampling, conhecida como "bola de neve". Entre junho de 2022 e janeiro de 2023, foram
realizadas entrevistas com 43 pescadores. A atividade pesqueira é de natureza artesanal e
caracteriza-se pelo envolvimento da família. Observou-se uma exclusividade de homens
envolvidos na atividade da pesca em si, com a presença de mulheres registrada apenas nas
etapas pós-pesca. O perfil geral dos pescadores revelou baixo nível de escolaridade, forte
conexão com a cultura local da pesca e alta dependência dos recursos pesqueiros. A maioria
dos entrevistados depende exclusivamente da pesca como fonte de sustento. As pescarias são
realizadas tanto durante o período diurno quanto noturno e cada arrasto tem uma duração média
de três horas. Os pescadores trabalham de 8 a 12 horas por dia, com uma média de 10,6 horas
(±1,4 horas). A maioria dos entrevistados (83,7%) afirmou não ser proprietária das embarcações
que utilizam. A principal forma de conservação utilizada durante a pescaria foi o gelo. Os
resultados evidenciaram uma alta dependência dos pescadores para com os atravessadores. Dentre os problemas ambientais na comunidade, os pescadores citaram: descarte de lixo,
ausência de saneamento básico e mortalidade de tartarugas. Constatou-se que os pescadores
apresentam percepção ambiental variada, enquanto apenas (30,2%) reconhece a pesca como
capaz de causar impactos ao meio ambiente, a maior parte (69,8%) afirmam que a atividade não
é capaz de causar danos ao meio ambiente. Grande parte dos pescadores (58,1%) relatou notar
uma diminuição significativana quantidade de camarão capturado nos últimos anos. Um grupo
significativo de entrevistados (28,5%), apesar de compreender a relevância do defeso,
acreditam que o período estabelecido está incorreto. Foram identificadas duas principais formas
de processamento para os camarões capturados: a filetagem e a defumação. Já para a parcela de
peixes da fauna acompanhante que é aproveitada, foram citadas duas técnicas: evisceração e
salga-secagem. Os resíduos resultantes do processamento dos camarões e peixes são
descartados diretamente no mar. De modo geral, destaca-se a necessidade de incluir os
pescadores como participantes ativos nas decisões relacionadas às políticas públicas
direcionadas ao setor pesqueiro, ao manejo pesqueiro e à conservação ambiental.
Descrição
Palavras-chave
Comunidades pesqueiras, Camarões marinhos, Nordeste, Pescadores artesanais, Políticas públicas