Ideologias linguísticas coloniais em circulação no facebook: controvérsias sobre “crianças portuguesas que só falam brasileiro”
Carregando...
Data
2023-11-30
Autores
Currículo Lattes
http://lattes.cnpq.br/6803326081305508
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Alagoas
Resumo
A partir de contribuições advindas da Antropologia Linguística e da Linguística Aplicada
contemporânea, o presente trabalho tem como objetivo interpretar criticamente as ideologias
linguísticas (Gal, 2019, 2023; Irvine; Gal, 2000; Pinto, 2013, 2018; Moita-Lopes, 2013)
mobilizadas nas controvérsias públicas online em torno da matéria jornalística “Há crianças
portuguesas que só falam ‘brasileiro’”, publicada pelo jornal português Diário de Notícias,
em novembro 2021. Para tanto, realizamos uma etnografia digital (Blommaert, 2010; Pinto et
al., 2022) de caráter não-participante, praticada entre junho e novembro de 2023, na página
do veículo na rede social Facebook. Os dados produzidos no trabalho etnográfico foram
analisados a partir da noção de “pistas indexicais”, proposta por Wortham (2001), a fim de
explorar o nexo pragmática-metapragmática, ou seja, a ligação semiótica entre o uso de
determinados itens linguísticos em contexto e processos sociais, culturais e ideológicos mais
amplos. Em linhas gerais, o trabalho de análise nos permitiu concluir a intensa circulação de
ideologias linguísticas, ou seja, crenças, racionalizações e afetos sobre as línguas e seus usos,
que projetam hierarquias raciais de base colonial, ao que chamamos de “ideologias
linguísticas coloniais”. Essas ideologias, dentre outras coisas, produzem efeitos de
apagamento, inferiorização e pejoração de línguas, culturas e identidades dos povos
brasileiros em função de uma superioridade lusitana, evocando discursos difusos sobre a
violência colonial. Ademais, esta pesquisa se soma a esforços crescentes, em diferentes áreas
do conhecimento, a fim de reconhecer a dimensão constitutiva das plataforma digitais de
redes sociais na produção de subjetividades políticas e de disputas ideológicas de gênero, de
raça e de sexualidade (Blommaert, 2020; Maly, 2023; Silva, 2019a; 2019b; 2020a; 2020b), a
exemplo do que evidenciam as complexas lógicas da violência online/offline e as hierarquias
sociolinguísticas que elas projetam (Borba; Silva, 2020; Pinto et al., 2022).
Descrição
Palavras-chave
Interação digital, Comentários online, Ideologias linguísticas, Indexicalidade, Pistas indexicais, Digital interaction, Online comments, Linguistic ideologies, Indexicality, Indexical ranges