Desenvolvimento da carcinicultura marinha familiar no agreste de alagoas : avanços e desafios para uma produção sustentável
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Data
2023-01-23
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Currículo Lattes
http://lattes.cnpq.br/2455926789413704
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Resumo
No Brasil, por muitos anos, a produção de camarão marinho esteve associada a regiões
estuarinas, de apicum e manguezais. No entanto, os últimos anos dez anos, foi marcado por
uma acentuada expansão para as regiões interioranas, a atividade conhecida como carcinicultura
continental. No estado de Alagoas, Nordeste do Brasil, a região do Agreste conta com os mais
novos pólos brasileiros de produção do camarão Litopenaeus vannamei em águas continentais
que são: Arapiraca, Craíbas, Coité do Nóia, Feira Grande, Girau do Ponciano, Igaci, Lagoa da
Canoa, Limoeiro de Anadia, Olho D’Água Grande e Taquarana. Para estes municípios, a
atividade surgiu como alternativa para geração de emprego e renda aos agricultores que
sofreram e ainda sofrem com o declínio da produção agrícola devido a inutilização das terras,
pela sanilização ao longo dos anos das águas de rios, riachos e poços artesianos. Por ser
relativamente recente na região, poucos são os registros acerca de sua implantação. Diante
disso, teve-se por objetivo caracterizar a carcinicultura no Agreste alagoano a partir da
investigação de seus participantes e seus modos de produção. Para tal, foram entrevistados 40
carcinicultores familiares por meio de um questionário semiestruturado. Ademais, foram
realizadas observações livres e coletados os relatos informais durante os anos de 2020 a 2022.
Constatou-se que a carcinicultura local teve início há pouco mais de três anos, e somente em
2018 ganhou caráter comercial tendo apresentado rendimento anual de até R$ 300.000,00. A
atividade nos referidos municípios alagoanos tem sido feita com auxílio de consultoria técnica
e com padrão de construção de viveiros de outros pólos produtivos, similar aos sistemas
implatados no estado da Paraíba. Os produtores rurais, com o auxílio de profissionais e do
conhecimento adiquirido ao longo do tempo, adaptaram-se a nova atividade produtiva, quando
comparado à metodologia implantada no Agreste de Alagoas com outras regiões, é possível
identicar peculiaridades quanto as características produtivas peculiares dos envolvidos e o
ambiente de trabalho. Algumas aspectos da carcicultura do Agreste também chamam a atenção,
a exemplo das variações de densidades de estocagem observadas em diferentes polos. Algo
comum em todos os polos é a diminuição da densidade de estocagem em períodos chuvosos,
alta pluviosidade que acarretaram em diminuição da temperatura da água, o que pode contribuir
para a proliferação de patégeno do ambiente de cultivo. A análise dos questinários mostrou que
agricultor familiar homens representam 82,5% do total de produtres do Agreste, enquanto as
mulheres correspondem apenas a 17,5 %. Ambos os sexos trabalham na atividade, em média,
8h diárias. O tamanho das propriedades avaliadas varia entre 1 a 50 hectares, e os viveiros nelas
construídos possuem entre 1000 m2 e 4000 m2, apresentando produção média de 500 kg a 4500
kg mensais por propriedade. O custo médio por quilograma de camarão produzido variou entre
R$ 12,51 e R$ 13,64, sendo influenciado pela época do ano. Evidenciou-se que os pólos com maior relevância produtiva são: Arapiraca, Coité do Nóia, Igaci e Limoeiro de Anadia. Entre
os entrevistados poucos (17,5%) são os que têm a carcinicultura como sua principal fonte de
renda, em sua maioria, os carcinicultores familiares diversificam a produção agropecuária para
conseguirem renda suficiente para subsistência. A partir das entrevistas, foi possível identificar
que mais de 80% dos proprietários receberam assistência técnica no em 2021. Por se tratar de
uma atividade relativamente nova, ainda não se sabe ao certo quais impactos ou danos
ambientais podem ser causados a longo prazo pela atividade nesta região. Neste sentido, a
maioria dos carcicicultores (40%) afirma nunca terem sido visitados por órgãos fiscalizadores
ambientais. Apesar disso, todos os entrevistados estão cientes da importância do licenciamento
ambiental e afirmam ser esta uma etapa significativa para a produção de camarão. Com relação
ao descarte de efluentes, a maior parte (55%) dos carcinicultores realizam o tratamento da água
antes do descarte nos corpos hídrico. Contudo, a maior parte dos produtores (80%) não
consideram a água gerada a partir dos viveiros prejudicial ao meio ambiente. De fato, a
assistência técnica foi um dos fatores primordiais para a consolidação e sucesso da atividade
produtiva na região. Os dados coletado com os entrevistados foram comparados com os dados
coletados junto às secretarias muncipais de Agricultura, Meio Ambiente e Instituto de Meio
Ambiente do estado, e dessa forma foi possível perceber que os órgãos ambientais e
governamentais vinculados à atividade de carcinicultura ainda não possuem, em sua maioria,
informações limitadas o que pode repercutir,diretamente, de forma negativa, no
desenvolvimento de políticas públicas direcionadas à Carcinicultura marinha. Além disso, é
possível constatar a existência de barreiras quanto ao fortalecimento da atividade, sendo as
questões vinculadas ao licenciamento ambiental as de maior relevância, entre elas: dificuldades
em encontrar profissionais capacitados para realização dos serviços, os altos valores cobrados
e a morosidade dos órgãos licenciadores.
Descrição
Palavras-chave
Camarão Litopenaeus vannamei, Agricultura familiar, Carcinicultura marinha, Problemas ambientais, Agreste alagoano, Carcinicultura de pequena escala, Consequências ambientais, Family farming, The harsh climate region of Alagoas, Small- scale carciniculture, Environmental consequences, Carciniculture