"Ou você vai ser mais um negro que passou a vida em branco?": faces do racismo na produção multissemiótica do rapper Djonga

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Data

2023-12-12

Currículo Lattes

http://lattes.cnpq.br/6415431437126979

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Editor

Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Alagoas

Resumo

Situado no campo da Linguística Aplicada Indisciplinar (MOITA LOPES, 2006), este trabalho tem como objetivo de produzir uma interpretação situada acerca dos significados multissemióticos atribuídos ao racismo e à violência racial na obra do rapper brasileiro Djonga, a partir das produções multimidiáticas relacionadas às composições “Conversa Com Uma Menina Branca” e “Hat-Trick”. Para tanto, foram mobilizadas concepções performativas de linguagem (AUSTIN, 1991; PINTO, 2009, SILVA, 2019), estendendo-as às produções multissemióticas contemporâneas (GONZÁLEZ, 2020), bem como estudos contemporâneos sobre os processos de racialização e o funcionamento do racismo à brasileira (FANON, 2008, BENTO, 2002; MUNANGA, 1986; KILOMBA, 2020; ALMEIDA, 2019; AKOTIRENE, 2019). Por meio de uma abordagem qualitativa e interpretativista (MOITA LOPES, 1998), foram analisadas tanto as composições do rapper quanto os clips que compõem sua produção, enquanto um artista multimídia da cena contemporânea do rap brasileiro. As análises realizadas apontaram para a denúncia do funcionamento da branquitude como um sistema de poder que produz a alienação racial de pessoas negras e o apagamento de sua cultura, sua ancestralidade e sua religiosidade, sublinhando a assimilação identitária como sua condição de sobrevivência em uma sociedade racista; para a dimensão, a um só tempo, estrutural e cotidiana do racismo a qual produz uma rede multinivelada de violência, desde à desigualdade social à violência policial; e, por fim, para o caráter interseccional do funcionamento do racismo, através da sobreposição de diferentes eixos de opressão, a exemplo de gênero e de classe. Em linhas gerais, o trabalho nos permite argumentar sobre os diferentes modos de apropriação da linguagem, em suas múltiplas semioses, pelo movimento rap nacional como uma plataforma política de denúncia das condições de violência vividas pelas comunidades negras periféricas e como um lugar de amplificação de vozes historicamente silenciadas, aspectos fundamentais para luta antirracista no último país a abolir a escravidão comercial nas Américas.

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Palavras-chave

Letras - Português, Linguística aplicada, Linguagem - Hip-hop, Djonga - Hip-hop, Racismo, Racism

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