A cultura da prática tradicional das marcenarias de Palmeira dos Índios e sua influência na segurança do trabalho
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Data
2023-09-17
Autores
Currículo Lattes
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Editor
(CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MACEIÓ – UNIMA | Afya
Resumo
Em diversas cidades brasileiras, a fabricação de móveis de madeira é realizada em marcenarias,
as quais fazem parte da cultura tradicional e popular brasileira. Nesta atividade, o uso de
diversas máquinas e equipamentos são constantes e oferecem diversos riscos físicos, químicos,
biológicos e ergonômicos, sendo os principais agentes: ruído e vibração das máquinas, pó de
Placa de fibra de média densidade (MDF) e de madeira serrada, tintas e resinas, movimentos
repetitivos e lesões diretas. No Brasil, a estatística de acidentes, passa de 500.000 acidentes por
ano, estes, muitas vezes têm como consequências incapacitações temporárias ou permanentes,
além de consequências sociais e psicológicas. Em diversos estudos, os resultados apontam para
uma alta acidentalidade nas marcenarias. A partir deste entendimento, o objetivo desta tese foi
de verificar a possível influência da cultura no modo de trabalho atual dos marceneirosem
relação às questões de Segurança e Saúde do Trabalho (SST), com base nas entrevistas com 14
marceneiros do município de Palmeira dos Ìndios - Alagoas, através da aplicação de questionário
semiestruturado com perguntas fechadas e abertas. Foi verificado que cerca de 71 % dos
marceneiros aprenderam a prática tradicional da marcenaria com idade inferior a 18 anos, isso
significa que ainda eram menores de idade. 100 % deles aprenderam por meio de marceneiros mais
experientes, ou seja, não participaram de cursos profissionalizantes na área de atuação e 90 %
aprenderam com marceneiros que não utilizavam regularmente os Equipamentos de Proteção
Individual (EPIs). Foi verificado que 90 % dos marceneiros não utilizavam regularmente os EPIs,
apesar de 100 % conhecerem os riscos e já terem sofrido algum tipo de acidente, sendo que 65 %
já participaram de palestras ou treinamentos de capacitação junto ao Serviço Brasileiro de Apoio
às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) durante sua vida profissional. Nesta resistência ao
uso de EPIs há uma forte tendência de ter como causa a cultura de influência do modo como eles
aprenderam a profissão, visto que 80 % dos marceneiros, em suas falas, afirmaram que o não
uso da proteção individual, de forma regular, se dá pelo fato de terem aprendido com pessoas
que não utilizavam EPIs. Dessa forma, chega-se a um entendimento que, mesmo participando
de capacitações durante sua profissão, e a consciência dos diversos riscos inerentes à SST, os
marceneiros escolheram desconsiderar os riscos e não se protegerem. Esses resultados reforçam
a tese de que a cultura, em específico o modo do aprendizado, influenciou diretamente na tomada de
decisão dos marceneiros em não se protegerem em questões de SST, levando a uma certa
banalização dos riscos a qual tem como consequências um alto índice de acidentalidade .
Descrição
Palavras-chave
Cultura, Acidente de Trabalho, Marcenaria, Aprendizado, Narrativas, Cultura, Accidente de Trabajo, Carpintero, Aprendizaje, Narrativas
Citação
Cavalcante, Jesimiel Pinheiro.
A cultura da prática tradicional das marcenarias de Palmeira dos Índios e sua
Influência na segurança do trabalho / Jesimiel Pinheiro Cavalcante ; orientador Wlacler de Lima Mendes Junior ; coorientadora Jesana Batista Pereira. - Maceió: UNIMA, 2023.
134 f:
Tese (Doutorado em Sociedade, Tecnologias e Políticas Públicas) - Centro Universitário de Maceió I UNIMA, Maceió, 2023.