“Precisamos educar nossas meninas sobre essa ideia": processos indexicais e repertórios feministas interações online o tráfico internacional de mulheres
Nenhuma Miniatura disponível
Data
2025-03-27
Autores
Currículo Lattes
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
INSTITUTO FEDERAL DE ALAGOAS - Ifal
Resumo
Situado no campo da Linguística Aplicada Indisciplinar (Moita Lopes, 2006), o objetivo geral
deste trabalho é interpretar criticamente os processos discursivos mobilizados em comentários
de mulheres sobre o tráfico internacional de mulheres, a partir do canal “Sobrevivendo na
Turquia”, na rede social YouTube. Desse objetivo geral provem dois específicos: i) identificar
e classificar os processos indexicais em jogo nos comentários analisados; e ii) mapear os
repertórios discursivos mobilizados nos comentários e o modo como eles apontam para
valores, crenças e normas sociais mais amplas, a exemplo das de gênero. Em termos teóricos,
o trabalho se ampara em concepções performativas e indexicais de linguagem (Austin, 1990;
Silverstein, 2003; Blommaert, 2010) e de gênero (Butler, 2018), em estudos interseccionais
sobre trabalho sexual e tráfico internacional de pessoas (Piscitelli, 2016; Biroli, 2018; Souza;
Soares, 2018), bem como em estudos sobre o movimento feminista e sua vertente digital
(Ferreira, 2015; Alvarez, 2014). Do ponto de vista metodológico, a geração de dados foi realizada a partir de uma etnografia digital, de caráter não-participante, empreendida entre
setembro de 2024 e março de 2025, no canal em questão. A interpretação crítica dos dados
etnográficos gerados na pesquisa permitiu identificar a emergência de diferentes repertórios
feministas nas interações sobre tráfico internacional de mulheres, são eles: i) contestação do
modelo patriarcal e reprodutivo imposto às mulheres; ii) produção interseccional da
vulnerabilidade baseada em gênero; e iii) sororidade e ação coletiva de mulheres em situações
de violência e exploração. Em linhas gerais, a pesquisa realizada aponta para a articulação
entre práticas situadas de interação e processos sociais mais amplos, sublinhando a construção
processual de uma perspectiva crítica sobre a violência de gênero pautada por diferentes
repertórios feministas. Ademais, os ambientes digitais de interação investigados são destacados como espaços de sociabilidade feminista, apropriados com vistas à ampliação dos
repertórios críticos das participantes sobre a violência de gênero, suas origens e potenciais
modos de enfrentamento.
Descrição
Palavras-chave
Etnografia digital , Digital ethnography, Língua aplicada indisciplinar, Desigualdade de Gênero , Undisciplinary applied language, International Traffickin in Women, Tráfico internacional de mulheres