Navegando por Autor "Santos, Josefina Maria dos"
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Item A (des)construção da utopia no conto "O ex-mágico da taberna minhota", de Murilo Rubião(Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Alagoas, 2024-06-04) Santos, Josefina Maria dos; Santos, Fábio José dos; http://lattes.cnpq.br/7569516305566259; Silva, Maria Lucilene da; http://lattes.cnpq.br/7394115973676550; Malta, Carla Carolina da Silva; http://lattes.cnpq.br/7728611783048332Mais antiga que o próprio termo utopia, inaugurado por Thomas More em sua Utopia (1516), a idealização de espaços alternativos sempre esteve presente nas culturas, como uma forma de projetar para o plano do sonho aquilo que falta no mundo. Assim, a imaginação surge como uma poderosa arma contra as sombras do presente – e nada mais propício para a criação de imagens utópicas que o terreno da literatura. Em “O ex-mágico da Taberna Minhota” (1947), conto de Murilo Rubião, a capacidade imaginativa aparece como um aspecto negativo, que faz o protagonista desejar tanto a morte quanto a própria inserção num ambiente burocrático, como encarceramento, processo capaz de privá-lo das habilidades mágicas. Enquanto as pessoas ao redor da personagem enxergam a mágica como algo engraçado e positivo, a própria personagem é completamente insatisfeita e infeliz. O desejo utópico dela é, portanto, a destruição daquele mundo mágico, permeado pelo sobrenatural. No entanto, quando a personagem consegue se livrar das habilidades mágicas, ela se mostra ainda mais insatisfeita com sua condição e passa a fantasiar as habilidades que possuía, como uma fuga de sua realidade. As narrativas do gênero fantástico, ao oferecerem um mundo cotidiano palpável e apenas ligeiramente transgredido pelo sobrenatural, conforme teoriza David Roas (2014), questionam o absurdo da condição humana. O conto de Murilo Rubião, portanto, parece desconstruir todas as possibilidades de esperança e utopia dentro de um mundo abarcado por incertezas, para, enfim, questionar a maneira como a ausência de projetos utópicos nos leva à desesperança e ao cansaço. Assim, com o presente trabalho, pretende-se demonstrar que, ao encenar essa insatisfação com o mundo, seja ele mágico ou burocrático, a narrativa de Rubião reafirma a necessidade de um projeto utópico.